MELIÁ CHEGA A SÃO JOÃO DA MADEIRA
Portugal apresenta um património imobiliário público que diz muito acerca da identidade histórica, cultural e social do país. Foi com o objetivo de valorizar e dar a conhecer este ativo presente em todo o território nacional que o Governo criou o Programa REVIVE, abrindo o património ao investimento privado para o desenvolvimento de projetos turísticos. Imóveis abandonados e, muitas vezes, em ruínas ganham assim um novo propósito, funcionando como âncoras de atração às regiões, gerando riqueza e postos de trabalho. Ambitur falou com vários empresários que estão hoje a desenvolver alguns desses projetos. É o caso de Miguel Caldeira Proença, CEO da Hoti Hotéis, grupo ao qual foi atribuída a concessão do Palacete Conde Dias Garcia.
E o empresário explica porque é que o grupo hoteleiro foi “atraído” para este imóvel: pela “combinação interessante de aspetos que aumentam o potencial de sucesso da nossa proposta”. O CEO do grupo hoteleiro garante que se trata de um polo empresarial e industrial significativo e, considerando que o projeto contempla a preservação do palacete como estrutura iminentemente social e uma edificação nova adjacente com capacidade relevante para acomodar o alojamento, “entendemos que estão reunidas as condições para que a utilização da marca Meliá contribua para que a cidade e o distrito ganhem uma maior projeção e valorização na sua aposta no turismo industrial e cultural”. Por isso, não tem dúvidas de que esta é “uma aposta vencedora para todos”.
Falamos de um palacete construído na viragem dos séculos XIX para XX por António Dias Garcia, que fez fortuna no Brasil e, sendo uma relevante personalidade local, ergueu este palacete ricamente adornado, combinando vários estilos. É um imóvel de fachadas amplas, com numerosas portas e janelas, de pé direito considerável, e telhados de dois torreões com telhas coloridas. Mas verdade é que a sua utilização para usos distintos ao longo do tempo, apesar de garantir a sua sobrevivência, acabou por descaracterizá-lo. Mas a Hoti Hotéis assegura que irá capitalizar o valor histórico-cultural do edifício, com o palacete a servir as funções sociais do hotel, o que implica que não terá de ser convertido à “métrica mais limitativa do desenho dos quartos e ao seu uso individual, por natureza”, esclarece o responsável.
O Meliá São João da Madeira, que resultará da reabilitação deste palacete, encontra-se neste momento em fase de licenciamento e os trabalhos deverão iniciar-se ainda em 2022 para que possa entrar em operação até ao final de 2024. Num investimento estimado de 11 milhões de euros, a Hoti Hotéis contará com uma unidade hoteleira com 96 quartos, restaurante, bar, salas de reuniões, Spa e piscina exterior.
Miguel Caldeira Proença não tem dúvidas de que o desenvolvimento de uma unidade hoteleira com standards internacionais de qualidade e uma marca de qualidade reconhecida será “um indutor de desenvolvimento no destino”. Mas, para além daquele que será o seu mercado mais natural, o segmento empresarial, a cadeia hoteleira tem vindo a trabalhar com a autarquia e o Turismo de Portugal para integrar de forma completa “o importante trabalho, iniciado há alguns anos, no sentido de transformar esta área no mais importante centro de turismo industrial do país”, esclarece o gestor. E sublinha que este segmento traz interações importantes com toda a comunidade, como é o caso do desenvolvimento de parcerias com a Oliva Creative Factory, que acolhe o Welcome Center, responsável pela estruturação de ações de turismo industrial, e todo um conjunto de estruturas dedicadas ao desenvolvimento integrado entre arte, criação e produção.
“Este tipo de integração é uma vocação estratégica que temos assumido desde há alguns anos em todos os lançamentos de novas unidades ou em remodelações de fundo, sempre considerando um raciocínio integrador do hotel no conjunto maior da comunidade onde se integra”, frisa ainda.
Fonte: Ambitur